Da redação
Com nascimento bem às margens do Rio Acre, na Gameleira, Rio Branco, completa nesta quarta-feira, 28, 140 anos. A capital do estado acreano, que concentra praticamente metade da população do Acre, foi um local importante para a transformação do Acre em território, e em toda a sua formação política.
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Rio Branco, hoje, possui uma população estimada de 419.452 pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E lá por volta de 1880 passava a ter sua história mudada com os ocupantes não indígenas que começavam a ocupar a região. Alguns detalhes desta história são relembradas pelo historiador Marcos Venícius Neves.
Conforme os relatos do historiador, dois fatores principais fizeram a capital acreana se destacar como a mais populosa do Acre, que foram a política e comercial da época de formação do estado.
Seringal Volta da Empreza
De acordo com o historiador, até 1880 o lugar que, hoje, forma a capital, era território exclusivamente indígena, e poucos não indígenas tinham vindo até estas bandas em expedições exploratórias, o que ocorreu por vários anos, mas nunca a ocuparam de fato.
A ocupação só começaria a partir deste ano, que foi quando começou a corrente migratória que ocorria por toda a Amazônia, quando os exploradores cresciam os olhos em busca da riqueza existente por aqui, do chamado ouro negro, como era chamada a borracha.
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“Desde o início dessa invasão, ficou evidente que o Rio Acre era especialmente rico em borracha. As terras firmes do rio, pouco alagadas nas margens, favoreciam a abundância grande de seringueiras, e uma borracha de alta qualidade. Diante dessa riqueza, o povoamento aconteceu de forma rápida, mesmo que em meio a conflitos com os povos indígenas, sendo sua maioria da etnia Apurinã, ou mesmo por meio de alianças com esses povos”, conta o historiador.
Contam as memórias que em 1881, Neutel Maia teria vindo e demarcado o local onde queria abrir o seringal dele. Numa segunda viagem, enfim, seria dada a origem da capital, já em 1882, quando um vapor subiu o Rio Acre, trazendo três turmas diferentes de exploradores que tinham intenção de abrir seringais.
“A primeira turma parou no seringal, hoje, o Bagaço, mas antes era o Apii, que era o nome do vapor. Contam as memórias de Neutel Maia aos seus familiares, que depois de três dias, eles voltaram a subir o Rio Acre e navegaram até chegar ao estirão do rio, que tinha uma grande Gameleira, na curva do rio que chamou a atenção e parecia um ótimo lugar para estabelecer um porto. Então, ele desceu neste lugar e decidiu fundar o seringal Volta da Empreza, em razão da curva do rio”, pontua.
Transformação
O seringal Volta da Empreza começava, então, a ser aberto, na região do Segundo Distrito. E, do outro lado do Rio também iniciava a abertura de outro, este chamado apenas de Seringal Empreza, que seria autônomo, ou seja, totalmente diferente e independente do primeiro. A cada margem uma história se construía, com a exploração da borracha.
Só que as terras do Segundo Distrito são mais baixas, alagadiças e foi quando Neutel Maia viu que não tinha grandes produções na região, e também não se deu muito bem com o trabalho de seringalista. E abriu, então, uma empresa comercial.
“Como o interesse dele passou a ser comercial, passou a vender terrenos para outros comerciantes interessados em se estabelecer aqui na região. E, a partir da Gameleira, criou a casa comercial NE Maia, e dali começou a ser ocupado o terreno isolado e se formou a primeira rua do que passou a ser povoado”, explica o historiador.
O então seringal Volta da Empreza começava a tomar outra forma, a partir de 1884, em uma transformação rápida.
E poucos anos depois disso, estourava uma guerra entre brasileiros e bolivianos pelo domínio do Acre. Neutel Maia, que crescia junto com o novo modelo de comunidade, nesse primeiro momento, ficou ao lado dos bolivianos porque tinha negócios com eles e uma guerra não o interessava.
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Na época, três povoados importantes se destacavam no Acre: Porto Alonso, hoje Porto Acre, Xapuri, e o povoado do Volta da Empreza, que se tornou um ponto político naquele período, além de comercial. A guerra, vencida pelos brasileiros, resultou com o estado anexado ao Brasil, e foi assim que na hora estabelecer o governo brasileiro, se decidiu que seria no povoado Volta da Empreza.
Prefeitura departamental
Com estes eventos, e, o hoje estado se tornando território brasileiro, foi estabelecida a prefeitura departamental do Alto Acre, quando foi escolhido como sede, justamente este povoado. Em 1904, o prefeito do departamento, coronel Cunha Matos dava outro passo, quando em 7 de setembro elevou o povoado para a categoria de vila e mudou o nome dela para Vila Rio Branco.
“A partir da criação da vila, essa cidade se tornou o centro da vida comercial do Rio Acre, que era o mais rico do estado no que dizia respeito à borracha e fez com que a Revolução Acreana, além da importância econômica, essa região também tivesse uma importância política muito forte porque foi exatamente onde aconteceram os eventos que deram origem ao território federal do Acre”, conclui.