Por Alex Barros
Geralmente é essa a recomendação dos clérigos no encerramento da cerimônia matrimonial, mas parece que ultimamente a recomendação não tem sido seguida a risca. Já dizia o poeta Vinícius de Moares, profetizando que o amor não seria para sempre: “que seja eterno enquanto dure”. Logicamente que há casais que vivem décadas juntos, até a morte, de fato, os separar. Porém segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, os divórcios aumentaram 3,2% entre 2017 e 2018, passando de 373.216 para 385.246. Mostrando que a harmonia não está presente em todos os lares, esses números intensificaram-se, ainda mais, durante a quarentena.
E, invariavelmente, os problemas financeiros estão ligados, intimamente, as causas dos divórcios, pois alguém já disse “quando as dívidas entram pela porta, o amor sai pela janela”.
Com isso torna-se necessário identificar e tratar os fatores que podem levar ao divórcio e posteriormente a um mar de dívidas , uma vez que, temos os Ds do endividamento: Desequilíbrio Financeiro, Desemprego, Doença e Divórcio.
Vamos compartilhar nesse artigo alguns motivos, que temos verificado, durante atendimento a casais, que levam ao endividamento e ao fim do sonho de uma vida a dois.
1) Mentalidade financeira
Na oitava série aprendemos que os opostos se atraem, os elétrons, de carga negativa, são atraídos pelos prótons de carga positiva e é esta atração que ajuda manter o átomo estável. E quando encontramos nossa cara-metade, parece que alcançamos a estabilidade para uma vida toda. Porém não é tão simples assim, cada um de nós carrega em si aprendizados com relação a maneira de lidar com o dinheiro: um é controlado o outro e gastador, um é preocupado o outro tranquilo, um planejador e outro sonhador. Cada um de nós tem diferentes personalidades no que se refere a maneira de lidar com o dinheiro, e isso deve ser trabalhado para que não haja conflitos no relacionamento.
2) Adultério Financeiro
É comum casais em que cada um cuida das suas finanças, a esposa não sabe quanto o marido ganha e ela por sua vez não sabe para onde vai o dinheiro dele. Certa vez em uma reunião de planejamento financeiro com um casal, a esposa disse:
– O problema é que não sei para onde vai o dinheiro dele;
– Ele de pronto retrucou: seja bem-vinda, nem eu.
Não estou dizendo que é obrigado abrir uma conta-conjunta, não é isso, mas que deve haver um planejamento mínimo onde fique claro as responsabilidades financeiras de cada um.
3) Falta de diálogo
Esse é sem dúvidas um problema latente nos relacionamentos, e quando se fala de dinheiro ele torna-se ainda mais agudo, pois geralmente as conversas terminam em discussões, arranhões e mágoas. Falar sobre dinheiro e amor ainda é um tabu. Isso denota a falta de planejamento dos casais. Mas para que o casamento dure “até que a morte os separe”, é necessário que se mantenha essa comunicação sem ruídos, estabeleçam-se metas, prioridades e urgências com relação ao uso do dinheiro, não dá para romantizar uma relação sem diálogo e atolada em dívidas e frustrações.
4) Consumismo
O grande motivo do desequilíbrio no orçamento familiar são as compras por impulso, ou seja, aquelas feitas sem a mínima programação. Lembra aquele dia que você foi com a família, no domingo, almoçar no shopping? Pois é, após o almoço viram algumas “promoções” irresistíveis, caíram na tentação e compraram o que não estava planejado, talvez até, no crediário, pois é, compra por impulso. O processo do consumo inicia-se geralmente no desejo, causado por um desconforto emocional: irritação, stress, angústia, e nosso cérebro para proteger-se necessita de distração e recompensa. Aquele dia que você brigou com o marido, “chateada”, foi as compras, a dopamina, um neurotransmissor liberou uma necessidade de recompensa, você estava com o cartão do maridão no bolso, passou a tarde feliz da vida, mas quando entra no carro cheio de bolsas, veio o remorso e em casa uma briga que poderá render muitas mágoas.
As compras do casal devem ser planejadas e celebradas.
Não é fácil viver uma vida a dois, em muitos lares os problemas se avolumam e são de todas as ordens, contudo quando se trata das finanças, é preciso que o casal coloque as cartas na mesa, conversem bastante sobre a criação e o entendimento sobre o que significa e o objetivo do dinheiro, agindo com transferência com relação aos gastos de cada um, criando um canal contínuo de comunicação, evitando os ruídos que levam ao desentendimento e por fim, evitem o consumismo, lembrando que “ninguém planeja fracassar, mas se fracassa por não planejar”.